CRÍTICA - A PELE - Diane Arbus (1923-1971) foi uma das mais importantes fotógrafas americanas. Retratista, tinha como alvo, o que a sociedade considerava fora dos padrões estéticos. Seus protagonistas viviam no gueto, á margem, e a preocupação de Diane era justamente retratar o que havia por trás da máscara que a pessoa ostentava. Suas dores, angústias e frustrações.
Antes de romper com as obrigações domesticas, era ajudante do marido, este sim um fotografo, de anúncios publicitários. Era uma espécie de assistente de produção e responsável pelo figurino que as modelos usavam nas fotos. Mãe de duas garotas e entediada com seu casamento (mulheres entediadas sempre rendem bons argumentos) decide começar a fotografar o misterioso vizinho do andar de cima.
Logo no inicio do filme o diretor Steven Shainberg (Secretária – 2003) avisa que se trata de uma história fictícia criada a partir da biografia da artista, escrita por Patrícia Bosworth. Tal informação o livra das cobranças de fazer um retrato fiel de Diane. Porém sua fantasiosa versão para o mundo da fotografa não agradou a crítica americana.
Creio que se você embarcar na história, poderá usufruir de um filme instigante, no meio de tanta obviedade nos cinemas. A Pele (Fur – 2006) é uma tentativa de sair da rotina, assim como sua protagonista.
Ao se envolver com o vizinho Lionel (Robert Downey Jr) que sofre de uma doença rara, que o faz ter pêlos por todo o corpo, Diane começa a ver beleza, onde normalmente não se veria. O contato dos dois, lembra o mesmo argumento do filme da Disney, A Bela e Fera. Só que o foco aqui é outro. Por trás daquele monte de pêlo, Diane ira descobrir (pasmem) uma pessoa. Não há feitiço, apenas uma doença que serve como metáfora para todos os pré-conceitos e estigmas que há na civilização.
Ver Diane tentando introduzir o amigo em seu ambiente familiar, mostra o quão a artista ficou seduzida pelo diferente. Acostumada á beleza óbvia das fotografias do marido, Diane vai para o outro extremo e procura o conceito de beleza, em lugares onde teoricamente não há o conceito do belo.
O filme é isso, uma viagem particular do diretor pelo universo – digamos – caótico de Diane. Há beleza no filme de Shainberg, em partes pela própria Nicole Kidman ou nas metáforas construídas no filme. É para ser “lido” nas entrelinhas. O fato do marido, deixar a barba crescer, para competir com o vizinho peludo, mostra a tentativa de salvar o casamento que se abalará com a ausência da mulher. Esta é apenas uma das sutilezas contidas no filme. Arrisque-se!
Ficha Técnica
título original:An Imaginary Portrait of Diane Arbus
gênero:Drama
duração:02 hs 00 min
ano de lançamento:2006
site oficial:http://www.furmovie.com/
estúdio:River Road Films / Iron Films LLC / Furtherfilm LLC / Edward R. Pressman Film Corporation / Vox3 Films
distribuidora:Picturehouse Entertainment / PlayArte
direção: Steven Shainberg
roteiro:A Biography", de Patricia Bosworth
produção:Laura Bickford, Patricia Bosworth, Andrew Fierberg, William Pohlad e Bonnie Timmermann
música:Carter Burwell
fotografia:Bill Pope
direção de arte:Nick Ralbovsky
figurino:Mark Bridges
edição:Kristina Boden e Keiko Deguchi
efeitos especiais:LOOK! Effects Inc.
Curiosidades
- Os direitos de adaptação do livro de Patricia Bosworth para o cinema foram adquiridos em 1984 pela MGM. Na época o estúdio pretendia que Diane Keaton fosse a protagonista. - Foi apenas em 1997 que os direitos foram adquiridos pelos produtores Edward R. Pressman e Bonnie Timmermann. - O diretor Steven Shainberg e o roteirista Erin Cressida Wilson decidiram por não fazer uma cinebiografia convencional. Ao invés disto criaram uma Diane Arbus que tinha elementos de sua vida real, mas também fantasia relacionada ao seu trabalho artístico. - Inicialmente seria Samantha Morton a intérprete de Diane Arbus. - O orçamento de A Pele foi de US$ 16,8 milhões.
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