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quinta-feira, 7 de abril de 2011

À Deriva



Primeiro filme internacional do diretor Heitor Dhalia, o drama "À Deriva" tem o astro francês Vincent Cassel ("O Ódio", "Irreversível") no principal papel masculino, do escritor Mathias. A première mundial da produção brasileira aconteceu na seção Un Certain Regard, do Festival de Cannes.

O ponto de vista da história é o da adolescente Filipa (a estreante Laura Neiva, de apenas 14 anos), a filha mais velha de Mathias e Clarice (Débora Bloch). É dela o olhar que sintetiza o momento da crise que está no centro do roteiro, escrito pelo diretor Heitor Dhalia, com colaboração de Vera Egito (do curta "Espalhadas pelo Ar").

É certamente um filme bem diferente de Dhalia, diretor de "Nina" (2004) e "O Cheiro do Ralo" (2007). Ele deixa de lado o humor negro que temperou aqueles dois filmes, buscando aliar um tom intimista a uma produção vistosa em termos de fotografia, música e montagem, que seguramente visa o mercado internacional. Não é pecado. Em todo caso, observa-se certa diluição dramatúrgica que não é inteiramente satisfatória.

Estreante, Laura Neiva não dá conta de todas as nuances esperadas de sua personagem, em crise adolescente e vendo seu mundo familiar desabar ao observar a traição do pai à mãe com uma outra moradora da praia (a norte-americana Camilla Belle, de "10.000 A. C.").

Aparentemente, a estratégia de venda do filme no mercado internacional também focou na escolha de um elenco bonito, tanto na jovem atriz, que parece uma modelo, quanto nos seus amigos. Ali se vê um universo de classe média alta em que não há um único negro - o que não é realista quando se observa uma praia brasileira, no caso, Búzios (RJ). É uma nota secundária, talvez, mas soa falsa. E a falta de autenticidade corrompe a unidade dramática da história mais de uma vez.

Em seu primeiro papel num filme brasileiro, o francês Vincent Cassel até força mais sotaque do que tem ao falar português. Visitante constante do Brasil e admirador de seus músicos - como Seu Jorge, Racionais, Rapping Hood e Marcelo D2 -, ele está preso num papel que não lhe dá todas as expressões cabíveis - e isso não por causa do idioma, mas de problemas do roteiro.

Débora Bloch é a única a escapar dessas limitações, encarnando uma mulher de verdade, uma personagem que demonstra conhecer do avesso, dando-lhe carne, vida, dor, coragem. É seu melhor papel no cinema até agora, encerrando também uma ausência de oito anos das telas, desde "Caramuru - A Invenção do Brasil" (2000), de Guel Arraes.

As belas paisagens de Búzios, onde fica a casa da família, são uma atração à parte, num filme fotografado competentemente por Ricardo Della Rosa. A trilha sonora do veterano Antonio Pinto - frequente colaborador de Walter Salles, como no filme "Central do Brasil" - fornece moldura emotiva para a história. É um Brasil modelo exportação para o mundo em crise.

Sinopse
Em férias de verão com a família em Búzios, Filipa, uma adolescente de 14 anos, faz o rito de passagem para a idade adulta em meio às descobertas do amor com a turma de amigos. Um rito que se prova doloroso quando ela descobre que o pai, um famoso escritor, está traindo a mãe com uma estrangeira que mora na praia. A descoberta desse segredo, porém, será apenas a primeira de uma série de outras, encantadoras ou dolorosas, sobre sua família e si mesma.

Ficha Técnica
Título original:À Deriva
Gênero:Drama
Duração:1 hr 37 min
Ano de lançamento: 2009
Site oficial: http://www.aderivafilme.com.br/
Estúdio: Paramout Pictures Brasil / Focus Features / O2 Filmes / Universal Pictures
Distribuidora: Paramount Pictures
Direção: Heitor Dhalia
Elenco: Vincent Cassel, Debora Bloch, Camilla Belle, Laura Neiva e Cauã Reymond
Roteiro: Heitor Dhalia
Produção: Fernando Meirelles, Andréa Barata Ribeiro e Bel Berlinck
Música: Antônio Pinto
Fotografia: Ricardo Della Rosa
Direção de arte: Guta Carvalho
Figurino: Alexandre Herchcovitch
Edição: Gustavo Giani

Premiações
GRANDE PRÊMIO CINEMA BRASIL
Indicações
Melhor Filme
Melhor Diretor
Melhor Atriz - Debora Bloch
Melhor Direção de Arte
Melhor Fotografia
Melhor Figurino
Melhor Edição - Ficção
Melhor Som
Melhor Efeitos Especiais

Curiosidades
- O diretor Heitor Dhalia descobriu em uma entrevista feita no Carnaval que Vincent Cassel falava português fluentemente. Ele enviou o roteiro de À Deriva acompanhado do DVD de O Cheiro do Ralo para o ator;

- Dhalia chegou ainda a fazer uma viagem a Paris, de apenas 24 h, para encontrar Cassel;

- É o primeiro filme estrelado por Vincent Cassel no Brasil;

- Laura Neiva foi selecionada através do Orkut, quando tinha apenas 14 anos. A princípio ela acreditou que fosse um trote, recusando-se a fazer o teste para a personagem Filipa;

- Para obter atuações naturalistas, o diretor entregou o roteiro a Vincent Cassel e Débora Bloch, deixando os atores improvisarem em cena;

- As filmagens aconteceram entre abril e maio de 2008;

- O orçamento foi de R$ 3 milhões.

Trailer

quarta-feira, 2 de maio de 2007

O Cheiro Do Ralo




O Cheiro do Ralo", filme baseado no livro de mesmo nome do quadrinista Lourenço Mutarelli, tem dividido as opiniões do público e da crítica por seu humor negro e quase escatológico desde sua primeira exibição, há seis meses, no Festival do Rio.

Ainda assim, o longa dirigido por Heitor Dhalia ("Nina") vem colecionando prêmios e uma série de elogios, inclusive no Festival de Sundance, onde foi exibido em janeiro.

Com roteiro do diretor e do escritor Marçal Aquino ("O Invasor"), o filme é centrado na vida do esquisito Lourenço (Selton Mello), que tem uma loja em São Paulo que compra e vende quinquilharias.

Ali, transitam pessoas estranhas, assim como o dono, tentando sempre vender algo: uma embalagem de cigarro com autógrafo de Steve McQueen, uma caneta, uma arma, um olho de vidro e antigüidades.

Todos esses indivíduos são uma desculpa para Lourenço satisfazer seu ego, exercendo seu poder momentâneo sobre elas. Ele tem prazer em explorar as pessoas, que geralmente estão passando por dificuldades financeiras.

Lourenço se contenta com seu jogo sádico, enquanto explica para cada um de seus clientes que o cheiro ruim que toma conta da loja é do ralo do banheiro no fundo de sua loja. Ao mesmo tempo, ele se apaixona por uma parte específica do corpo de uma garçonete (Paula Braun).

Lourenço é um personagem desagradável, interpretado com muita competência por Selton Mello, que nunca pede que se tenha maior simpatia por esse sujeito um tanto quanto bizarro. As pessoas que entram e saem de cena são ora dignas de repugnância, ora de piedade.

Desde sua primeira imagem até o seu final sombrio, "O Cheiro do Ralo" parece existir em um outro universo, que tem uma vaga semelhança com o mundo real.

No Festival do Rio 2006, o filme ganhou o prêmio de melhor ator (Selton Mello), o prêmio especial do júri e o da Fipresci (federação da imprensa internacional).

Na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, também no final de 2006, recebeu o prêmio de melhor filme e menção honrosa para todo o elenco.

Originalmente orçado em cerca de R$ 2,5 milhões, o longa acabou sendo produzido com apenas R$ 315 mil, com dinheiro arrecadado entre sócios privados e pelos produtores executivos.

FICHA TÉCNICA
Título Original: O Cheiro do Ralo
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 112 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2007
Site Oficial: http://www.ocheirodoralo.com.br
Estúdio: Geração Conteúdo / Primo Filmes / RT Features / Branca Filmes / Tristero Filmes / Sentimental Filmes
Distribuição: Filmes do Estação
Direção: Heitor Dhalia
Roteiro: Marçal Aquino e Heitor Dhalia, baseado em livro de Lourenço Mutarelli
Produção: Heitor Dhalia, Joana Mariani, Marcelo Doria, Matias Mariani e Rodrigo Teixeira
Música: Apollo Nove
Fotografia: José Roberto Eliezer
Direção de Arte: Guta Carvalho
Figurino: Patrícia Zuffa
Edição: Jair Peres e Pedro Becker

ELENCO
Selton Mello (Lourenço)
Paula Braun (Garçonete)
Lourenço Mutarelli (Segurança)
Flávio Bauraqui (Homem da caixa de música)
Fabiana Guglielmetti (Noiva)
Sílvia Lourenço (Viciada)
Martha Meola (Secretária)
Suzana Alves (Apresentadora de vídeo de ginástica)
Paulo Alves (PM)
Negro Rico (PM)
Gustavo Trestini (Tenente)
Roberto Audio (Homem da flauta)
Boi (Mendigo)
Alice Braga (Garçonete)
Tobias Vai Vai (Caixa da lanchonete)
Mário Shoemberger (Homem do relógio)
Calico (Homem da perna)
Jorge Cerruti (Homem do olho de vidro)
Milhem Cortaz (Encanador)
Hossein Minussi (Encanador)
Álvaro Muniz (Encanador)
Wolney de Assis (Homem da caneta)
Pedro Vicente (Homem dos livros)
Hugo Villavicenzio (Homem do gramofone)
Estevan (Homem do autógrafo)
Abrahão Farc (Homem dos soldadinhos)
André Frateschi (Homem do vodu)
Luciano Gatti (Homem do livro)
Waldir Grillo (Homem do ancinho)
Xico Sá (Homem do gênio da garrafa)
Morelli (Homem do violino)
Dionísio Neto (Homem dos discos)
Nivaldo (Homem da gaiola)
Zé Pineiro (Homem do revólver)
Augusto Pompeo (Homem do faqueiro)
Ariel Moshe (Homem das cédulas)
Morgani (Homem abertura)
Lorena Lobato (Mulher casada)
Fernando Macario (Entregador de pizza)
Leonardo Medeiros (Jesus Kid)
Paulo César Pereio (Pai da noiva - voz)

PREMIAÇÕES
- Ganhou o Prêmio Especial do Júri e o de Melhor Ator (Selton Mello), no Festival do Rio.
- Ganhou o prêmio de Melhor Filme - Júri Oficial e o Prêmio da Crítica - Nacional, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
CURIOSIDADES

- Orçado originalmente em R$ 2,5 milhões, O Cheiro do Ralo foi realizado com apenas R$ 315 mil, reunidos entre sócios privados e pelos produtores executivos.

- Este é o 2º filme em que o diretor Heitor Dhalia e o ator Selton Mello trabalham juntos. O anterior foi Nina (2004).

- Exibido na mostra Première Brasil, no Festival do Rio 2006.

Trailer