sábado, 7 de novembro de 2009

Diretor de "Duro de Matar" quer filmar vinda de Orson Welles ao Brasil


O americano John McTiernan, diretor de grandes filmes de ação dos anos 80 e 90 como "Duro de Matar" e "O Predador", declarou hoje no Festival do Amazonas que pretende dirigir "The Assassination of Orson Welles", ficção sobre o período em que o diretor Orson Welles (1915-1985), de "Cidadão Kane", passou no Brasil para fazer o filme em episódios "É Tudo Verdade", nunca terminado.


Segundo o diretor, presidente do júri de longas de ficção do festival, o roteiro será finalizado na próxima semana por Robert Boris, um grande pesquisador sobre a obra e a vida de Welles. Mas ainda não há financiamento assegurado para o projeto.

"Vou dar esse título porque a imagem de Welles foi destruída nos Estados Unidos durante sua passagem pelo Brasil em 1942. Os jornais de William Randolph Hearst (que não gostou da forma como foi retratado em "Cidadão Kane") publicaram que ele estava no país para fugir da Segunda Guerra, quando na verdade ele tinha um problema nas pernas e estava aqui em missão diplomática". Ainda não há ator escolhido para viver Welles no filme.

McTiernan se mostrou fascinado pela história envolvendo a filmagem de "My Friend Bonito", episódio de "É Tudo Verdade" rodado no México. "É a história de um menino que cria um bezerro que torna-se um forte touro que compete em touradas. Nos Estados Unidos, sempre houve a ideia de que as touradas eram rituais primitivos. Na verdade, foram criadas na Espanha só no século 19. O povo se identificava com o touro, e não com o toureiro, que se veste como um aristocrata. A festa demonstra como o povo nunca deve mexer com os poderosos. Essa era uma ideia forte para Welles, que odiava todas as aristocracias. Ficou tão fascinado que, ao morrer, pediu que suas cinzas fossem jogadas em uma praça de touros durante uma tourada".

"Insegurável"

O diretor explicou por que não filma há seis anos - seu último longa foi "Violação de Conduta" (2003), com John Travolta e Samuel L. Jackson. Em 2007, McTiernan foi preso durante quatro meses por ter contratado um detetive particular para plantar uma escuta ilegal no telefone de um produtor-associado do filme "Rollerball" (2002). "Como me recusei a testemunhar contra uma pessoa no processo, meu nome não pode ser usado para fazer o seguro de um filme, uma prática comum em Hollywood".

O diretor comentou também a mudança no perfil dos filmes de ação americanos - da era de Bruce Willis, Stallone e Schwarzenegger (com quem fez, além de "O Predador", "O Último Grande Herói") para os filmes de hoje em dia, mais baseados em personagens de HQ. Mesmo entranhado no sistema hollywoodiano, ele não tem uma explicação sólida para a mudança. "São os estúdios que decidem os filmes que vão ser feitos, e não os diretores. É um plano de negócios. Hoje, os filmes baseados em quadrinhos simplesmente fazem mais sucesso. E aquela era teria de acabar um dia, não se pode fazer o mesmo tipo de filme o tempo inteiro".

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