terça-feira, 15 de julho de 2008
O Escafandro E A Borboleta
O Escafandro e a Borboleta é a versão cinematográfica do livro homônimo de Jean-Dominique Bauby, no qual o autor descreve seus pensamentos, lembranças e impressões após contrair a síndrome locked in, uma paralisia completa que somente deixa suas pálpebras livres. De repente, ele vira um legume, como ele mesmo descreve no longa.
As primeiras imagens de O Escafandro e a Borboleta denotam a confusão de uma pessoa que acaba de acordar de um coma: imagens desfocadas, imagens e vozes de pessoas desconhecidas confundem o narrador, cuja voz é sempre exibida em off, já que, após o incidente que o coloca numa cama de hospital no litoral francês, ele só consegue se comunicar ao piscar o olho esquerdo. A direção não-convencional é mantida durante todo o longa, conduzindo o espectador pela mão por esse novo universo de Bauby.
O protagonista é interpretado magistralmente por Mathieu Amalric. Originalmente, o papel seria oferecido a Johnny Depp, mas o cobiçado ator estava com a agenda cheia e preferiu filmar Piratas do Caribe – No Fim do Mundo. Sorte a nossa. Ao mesmo tempo em que Amalric está irreconhecível como o protagonista deste longa, é impossível imaginar outro ator no papel, mesmo Depp. Junto à direção de Schnabel - que transmite ao espectador com perfeição a angústia de Bauby fechado em seu escafandro (aquela roupa que os mergulhadores usavam antigamente, com capacete e tudo), como se imagina em suas muitas fantasias -, a atuação de Amalric completa o o drama, que traduz com emoção extrema o drama do personagem/ autor.
A história de O Escafandro e a Borboleta poderia render um dramalhão como aqueles óbvios feitos para TV, mas passa longe da sedução óbvia por meio de imagens explicitamente tristes. Evidentemente, o longa não deixa de levar o público mais sensível às lágrimas descontroladas, mas é exatamente pela condução bem-sucedida de Schnabel. O diretor se arrisca, faz um filme pouco linear, que mistura imagens desfocadas às fantasias do protagonista, e tem como resultado um drama como poucos. Digno e emocionante de forma genuína.
Trailer O Escafandro e a Borboleta
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