sexta-feira, 6 de abril de 2007

BABEL


Babel é o filme que encerra uma trilogia idealizada pelo cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu. Um acidente é ponto de congruência entre histórias paralelas: em Amores Brutos (2000), elas envolviam amores trágicos; em 21 Gramas (2003), o desejo de vingança; nesta produção, a incomunicabilidade. Por isso o nome do filme: a história da Torre de Babel descrita na Bíblia mostra como a incomunicabilidade entre os homens os impede de chegar aos reinos dos céus, como neste longa-metragem.

Além da incomunicabilidade, as histórias em Babel têm um ponto mais sutil de ligação, revelado aos poucos pelas tramas desenvolvidas paralelamente. O casal de norte-americanos Richard (Brad Pitt) e Susan (Cate Blanchett) está de férias no deserto do Marrocos, onde dois garotos, Yussef (Boubker Ait El Caid) e Ahmed (Said Tarchani), aprendem a atirar com uma arma recém-adquirida pelo pai. Richard e Suzan deixam seus filhos pequenos – Debbie (Elle Fanning, irmã mais nova de Dakota Fanning) e Mike (Nathan Gamble) – nos EUA sob os cuidados de Amelia (Adriana Barraza), que trabalha na família há bastante tempo. Imigrante mexicana, precisa atravessar a fronteira de volta ao seu país para o casamento do filho, mas não consegue ninguém para cuidar das crianças em sua viagem. Ela resolve, então, levá-las à festa ao lado de seu sobrinho Santiago (Gael García Bernal). No Japão, a bela adolescente Chieko (Rinko Kikuchi) tem deficiências auditivas e vive numa Tóquio repleta de estímulos sensoriais e, principalmente, sexuais. Ela tenta lidar com essas descobertas (e a vontade de passar por elas, principalmente) e também com os cuidados excessivos do pai (Kôji Yakusho, de Eureka), especialmente após a morte da mãe. Os destinos dessas quatro famílias se cruzam a partir de um trágico incidente.

Em Babel, Iñárritu mostra maturidade na direção, provando ainda ser capaz de tocar o espectador numa trama complexa e triste. Apesar de contar com atores do calibre de Brad Pitt (indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante), Cate Blanchett e Gael Garcia Bernal, quem mais se destaca são as menos conhecidas Rinko Kikuchi e Adriana Barraza (que volta a trabalhar com o diretor depois de Amores Brutos). Especialmente a jovem atriz japonesa Rinko, que tem o desafio de interpretar uma adolescente surda e muda que quer, a todo custo, viver como as pessoas de sua idade que não possuem essa deficiência. Nos momentos em que ela passeia por uma Tóquio caótica, cheia de luzes e sons, Iñarritu usa a trilha sonora e o próprio silêncio para passar a idéia da incomunicabilidade referente à personagem, em belos e inspirados momentos. Não à toa, ambas foram indicadas ao Globo de Ouro de Atriz Coadjuvante.

Marrocos, México, EUA e Japão são os cenários explorados pelo cineasta e em todas é capaz de captar o caos que surge a partir de pequenas decisões. Na relação entre pais e filhos, empregador e empregado, lei e cidadão e, porque não, entre países. E todas caminham para a tragédia graças à incapacidade de comunicação, seja política, a verbal ou mesmo a relacionada à deficiência. Iñárritu sabe como poucos tocar o espectador, que não deixa de ficar desesperado na maioria dos aflitivos 142 minutos de filme. Em Babel, o cineasta consegue tocá-lo de uma forma mais intensa ainda se compararmos com seus filmes anteriores. O resultado também seduziu os votantes do Globo de Ouro, um dos principais prêmios do cinema norte-americano: Babel foi escolhido o Melhor Filme (Drama) de 2006. O filme também fez sucesso do festival francês de Cannes, onde foi indicado à Palma de Ouro e recebeu o prêmio do júri ecumênico, o Grande Prêmio Técnico e Alejandro González Iñárritu foi o Melhor Diretor.

Elenco
Cate Blanchett
Gael García Bernal
Brad Pitt
Mahima Chaudhry
Jamie McBride
Kôji Yakusho
Shilpa Shetty
Lynsey Beauchamp

Ficha Técnica
Dirigido por:Alejandro González Iñárritu
Produzido por:Steve Golin, Jon Kilik
Gênero:Drama
Tempo:142 min.
Lançamento:19 de Jan, 2007
Classificação:16 anos
Distribuidora:Paramount

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